PF apreende carros de luxo ligados ao 'Careca do INSS' em Brasília no escândalo dos descontos ilegais do INSS

PF apreende carros de luxo ligados ao 'Careca do INSS' em Brasília no escândalo dos descontos ilegais do INSS mai, 21 2025

PF mira ostentação suspeita e apreende carros de luxo do 'Careca do INSS'

Quando a Polícia Federal chega com mandado e sai carregando carros importados de uma garagem no Setor Bancário Norte, em Brasília, é sinal de que algo muito grande está em jogo. No foco, Antônio Carlos Camilo Antunes, apelidado de Careca do INSS, figura-chave em um esquema milionário que virou sinônimo de corrupção nos bastidores da Previdência Social.

Numa só manhã de maio, agentes federais recolheram entre cinco e seis veículos de luxo, segundo relatos. O que chama atenção? O valor estimado da frota: impressionantes R$3,3 milhões. Entre os carros apreendidos, estavam uma Land Rover, dois BMWs — um deles o esportivo Competition e outro modelo M135i —, além de dois Porsches: um Panamera e um 911. Mas a lista não para por aí. Nos relatórios anexados à operação, a PF incluiu ainda um Porsche Boxster, um elétrico Taycan, BMW 330E, Hyundai Azera, Jaguar, Audi A3 e até um popular Golf GTI.

Esses veículos não eram apenas para ostentar: a PF quer saber se foram comprados com parte dos recursos supostamente desviados dos cofres do INSS. A suspeita central é de que Antunes movimentava um esquema que fraudou benefícios e descontos do INSS ao longo de cinco anos. O valor total das fraudes pode chegar a R$6,3 bilhões nesse período, algo impensável mesmo em operações anteriores envolvendo o órgão.

Como funcionava o esquema e onde a PF quer chegar

Antunes não é um novato. Segundo investigações, ele teria utilizado uma engenharia de lavagem de dinheiro com pelo menos 22 empresas de fachada — as famosas laranjas. Essas empresas teriam servido para movimentar o dinheiro desviado de benefícios e aposentadorias de milhares de brasileiros.

O padrão de vida de Antunes, com imóveis de alto padrão e essas máquinas de luxo, já estava na mira da Polícia há tempos. Agora, a principal linha de investigação é cruzar esses bens com a origem dos recursos, para provar que cada carro adquirido foi financiado pelo dinheiro ilegal do esquema do INSS. Os veículos ficaram armazenados numa garagem de luxo no centro financeiro da capital, reforçando a suspeita de ocultação patrimonial sofisticada.

Nem todos os detalhes foram revelados — inclusive, os advogados do suspeito alegam que ainda não foram oficialmente notificados e prometem responder quando tiverem acesso aos autos. Mas fontes próximas ao caso informaram que o ‘Careca do INSS’ era o operador de um sistema com alcance nacional, usando sua rede de empresas para dificultar o rastreamento dos ativos. O impacto? Milhares de beneficiários podem ter tido descontos indevidos nas aposentadorias e pensões sem saber, enquanto Antunes e comparsas movimentavam fortunas sob as barbas do sistema bancário.

A Operação Sem Desconto, responsável pela nova ofensiva da PF, prioriza agora investigar quem são os verdadeiros donos dos veículos e se há outros patrimônios ocultos pelo grupo. A ideia, segundo investigadores envolvidos, é dar um recado: aquele tempo em que fraudes contra o INSS terminavam em impunidade pode estar, finalmente, com os dias contados.