Operação Último Ato: Prisão e Acusações
No último dia 29 de outubro de 2024, a Operação Último Ato, realizada pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), resultou na prisão de Rogério de Andrade e do ex-policial Gilmar Eneas Barbosa. Conhecido no meio do jogo do bicho, Andrade sempre esteve envolvido em disputas territoriais e pessoais que perpassam a história do contraventorismo do Rio de Janeiro. A operação teve apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e culminou com as detenções em locais estratégicos como Barra da Tijuca e Duque de Caxias.
Reviravoltas no Caso Fernando Iggnacio
O assassinato de Fernando de Miranda Iggnacio, ocorrido em novembro de 2020, é o cerne do processo judicial que manteve Rogério Andrade atrás das grades. Iggnacio, morto em uma emboscada após desembarcar de um helicóptero no Recreio dos Bandeirantes, vinha de Angra dos Reis sem saber que estava prestes a se tornar vítima de um plano cuidadosamente arquitetado por antigos adversários. A emboscada, que incluiu tiros fatais, lança luz sobre a brutalidade envolvida nas disputas por poder no mundo do contraventorismo.
Disputa pelo Poder: Herança e Conflitos
Rogério Andrade e Fernando Iggnacio dividiam laços de família através do falecido Castor de Andrade, um nome memorável ligado ao auge do jogo do bicho nas décadas passadas. Castor, falecido em 1997, deixou um legado competitivo que mapeia disputas acirradas pelo controle do mercado ilegal de apostas. A morte de Iggnacio, portanto, é interpretada não apenas como um ato de vingança, mas como um sintoma de disputas mais amplas pelo domínio do império dos jogos.
A investigação recentemente reaberta pelo MPRJ desvendou que Gilmar Eneas Lisboa exercia o papel de monitorar e informar sobre os movimentos de Fernando Iggnacio. As evidências acumuladas foram suficientes para que as acusações contra Andrade, anteriormente sustadas, fossem reativadas, reestabelecendo a narrativa de seu envolvimento como mandante do crime.
Investigação e Denúncias
Já em 2021, o Gaeco/MPRJ havia denunciado diversos indivíduos pelo homicídio de Iggnacio. Entre eles estavam nomes como Rodrigo Silva das Neves e Ygor Rodrigues Santos, envolvidos diretamente na execução do crime. Detalhe contundente na denúncia é o envolvimento de um grupo que manejou armas de grosso calibre, uma indicação clara do caráter premeditado e violento da emboscada. Márcio Araújo de Souza e Rogério Costa de Andrade e Silva, conhecido por 'Patrão', foram citados como líderes do plano.
Respostas e Expectativas Jurídicas
Até o momento, a defesa de Rogério Andrade não se pronunciou sobre as acusações renovadas. A equipe jurídica se encontra em silêncio diante da imprensa, provavelmente trabalhando na formulação de uma estratégia de defesa robusta. Enquanto isso, o tribunal mantém suas operações em torno dos novos dados emergidos das investigações.
O desenrolar deste caso revela camadas de complexidade e a tenacidade institucional na quebra de ciclos de impunidade no submundo do crime organizado carioca. A manutenção da prisão de Rogério Andrade, redundante para muitos como figura central nas atividades ilícitas, sinaliza um marco do sistema de justiça na tentativa de desmantelar estruturas de poder que por décadas intimidaram o cotidiano da cidade.