Ciclone extratropical provoca chuvas recordes e enchentes no Rio Grande do Sul

Ciclone extratropical provoca chuvas recordes e enchentes no Rio Grande do Sul set, 23 2025

Intensidade e amplo alcance da precipitação

Entre os dias 16 e 19 de junho, o ciclone extratropical que se formou sobre o Atlântico Sul trouxe chuvas intensas para praticamente todo o estado. Municípios como Encruzilhada do Sul, Santa Maria e São Vicente do Sul registraram mais de 150 mm em apenas dois dias, enquanto Rio Pardo chegou a 171 mm em 24 horas. Essa quantidade de água, comparável ao volume de um forte verão, acabou transbordando leitos de rios que já vinham em alerta.

O cenário se agravou porque o sistema de baixa pressão permaneceu estável, alimentando nuvens carregadas de um jeito que favoreceu chuvas contínuas e ventos fortes (entre 45 km/h e 80 km/h, com rajadas que poderiam alcançar 100 km/h nas áreas costeiras). O INMET manteve alertas alaranjados até o dia 20, prevendo novos picos de precipitação em pontos isolados do estado.

Consequências humanas e estruturais

Consequências humanas e estruturais

Os números são assustadores: ao menos 16 pessoas perderam a vida, muitas delas vítimas de deslizamentos em encostas saturadas. Mais de 2.600 moradores foram obrigados a buscar refúgio em abrigos improvisados, enquanto quase 5 mil casas sofreram danos que variam de paredes rachadas a perdas totais.

O panorama energético também ficou crítico. Mais de 84 mil residências ficaram sem eletricidade, o que dificultou a atuação de equipes de socorro e deixou escolas, comércios e hospitais dependentes de geradores e de energia de emergências.

Rios como o Uruguai (entre São Borja e Uruguaiana), Ibirapuitã, Ibicuí, Jacuí, Caí, Taquari e Sinos continuaram acima dos níveis de inundação, impedindo a retomada de rotas principais. Estradas rurais foram bloqueadas por lama, pontes desabaram e o acesso a vilarejos isolados se tornou quase impossível.

A Defesa Civil coordenou a logística de distribuição de alimentos, água potável e kits de higiene, mas a extensão da região afetada – 127 municípios – complicou o esforço. Em cidades como Canoas, as escolas foram fechadas e o abastecimento de energia ficou intermitente, mostrando como o fenômeno mexeu com a rotina diária da população.

Além do Brasil, especialistas meteorológicos avisaram que o mesmo padrão de baixa pressão pode alcançar o Uruguai e a Argentina, trazendo riscos de chuvas intensas e ventos fortes também nesses países. A preocupação agora é com o balanço hídrico nos próximos dias, já que as barragens e reservatórios ainda precisam receber água de forma controlada para evitar novas romanas.

  • Precipitações máximas: 171 mm (Rio Pardo) em 24 horas;
  • Municípios mais atingidos: Encruzilhada do Sul, Santa Maria, São Vicente do Sul;
  • Rios em nível de alerta: Uruguai, Ibirapuitã, Ibicuí, Jacuí, Caí, Taquari, Sinos;
  • Vítimas fatais: 16; deslocados: 2.600; casas danificadas: ~5.000;
  • População sem energia: >84.000.

O clima atípico do inverno de 2025 no sul do Brasil reforça a necessidade de políticas de adaptação e investimentos em infraestrutura resiliente. Enquanto as autoridades continuam a operar centros de acolhimento e a limpar rotas, a população ainda enfrenta dias de incerteza, com a possibilidade de novas chuvas fortes e a luta para recuperar o ritmo normal de vida.