dez, 11 2025
Do topo de uma torre de transmissão abandonada, a 600 metros do chão, duas amigas lutam para não cair — não só literalmente, mas também emocionalmente. A Queda, dirigido por Scott Mann, é mais que um thriller de sobrevivência: é um mergulho na psique humana quando o medo se torna o único companheiro. Com exatos 1 hora e 47 minutos de duração, o filme, lançado recentemente em plataformas de streaming, já virou fenômeno de culto entre fãs de suspense, deixando espectadores sem respirar — e muitos, sem dormir depois.
Uma amizade que desceu ao abismo
Becky e Hunter, interpretadas por atores cujos nomes ainda não foram amplamente divulgados, são apresentadas como duas almas que vivem para o limite. Através de escaladas, saltos e desafios extremos, elas construíram uma amizade baseada em adrenalina. Mas tudo muda quando Becky presencia, durante uma escalada, a morte de alguém próximo. O trauma a paralisa. Ela não consegue mais subir em nada. Não consegue mais olhar para cima. É aí que Hunter, com uma ideia que parece louca, mas que é a única que ainda faz sentido, propõe o impossível: subir juntas até o topo de uma torre de transmissão de TV abandonada, no meio do deserto — uma estrutura de metal enferrujado, esquecida pelo mundo, que se ergue como um osso gigante de uma civilização morta.Do topo ao pesadelo em minutos
A subida é lenta, cansativa, quase ritualística. Cada degrau é um passo contra o medo. Quando finalmente alcançam o platô, há um momento de silêncio. O vento sopra forte. O horizonte se estende sem fim. Por um instante, é quase bonito. Até que a escada externa, já corroída por anos de intempéries, se despedaça. Um estrondo. Um estalo. E então… o vazio. As duas estão presas. Sem sinal de celular. Sem água suficiente para dois dias. Sem cordas. Sem ajuda. A única coisa que resta é a própria coragem — e a certeza de que, se não descem, morrem.O que faz A Queda diferente de outros thrillers
O que torna A Queda tão perturbador não é o número de mortes, nem efeitos especiais caros. É a realidade. É o som metálico da torre balançando com o vento. É o modo como a câmera fica fixa no rosto de Becky enquanto ela tenta, sem sucesso, ligar para alguém. É o silêncio. O silêncio que se instala quando você percebe que ninguém vai vir. Scott Mann, conhecido por O Demônio do Sono e Refém do Jogo, não precisa de monstros. Ele usa o ambiente como personagem. A torre não é apenas um cenário — é um personagem vivo, instável, implacável.Em comparação com outros filmes de sobrevivência em altura, como 127 Horas ou Vertical, A Queda é mais claustrofóbico, mesmo estando em um espaço aberto. Porque aqui, o perigo não vem de fora. Vem da mente. Da culpa. Da dúvida. Será que Hunter fez isso por amor? Ou por egoísmo? Será que Becky quer mesmo sobreviver? Essas perguntas não são respondidas — elas são sentidas.
Por que isso importa para quem assiste em casa
Num tempo em que o entretenimento é cada vez mais barulhento, A Queda é um choque de silêncio. Ele não pede para ser visto em um cinema com som surround. Ele exige que você o veja sozinho, no escuro, com fones, em uma noite de insônia. É um filme que não te deixa escapar. Ele te agarra pelo peito e te obriga a pensar: e se fosse comigo? E se eu estivesse lá? O que eu faria?Ele também toca em algo profundo da cultura contemporânea: a busca por significado através do extremo. Quantas pessoas hoje se sentem paralisadas por traumas, mas tentam se curar com desafios físicos? Escalar montanhas, correr maratonas, fazer saltos de paraquedas — tudo isso é, às vezes, só uma forma de gritar: “Eu ainda estou viva!” A Queda mostra o lado sombrio disso. Que às vezes, a busca por cura pode ser mais perigosa que a dor que se quer superar.
Qual o futuro do filme e da sua repercussão
Apesar de não ter sido lançado em grandes salas, A Queda já está entre os 10 filmes mais assistidos em plataformas de streaming em três países da Europa e nos EUA. Críticos independentes o chamam de “o Gravity sem gravidade” — uma metáfora poderosa. Não há espaço vazio lá em cima. Há apenas o medo. E o vento. E o metal rangendo. O que vem depois? O diretor Scott Mann não confirmou sequer se há um plano para uma sequência. Mas já circulam rumores de que o roteiro original tinha um final alternativo — ainda mais sombrio. O estúdio decidiu não usá-lo. Por quê? Talvez porque o final atual já é suficiente para deixar qualquer um com o coração acelerado por dias.
Por que a torre de 600 metros não é só ficção
Embora a torre em A Queda seja fictícia, estruturas como essa existem — e estão em estado de abandono em muitos países. Nos EUA, há mais de 1.200 torres de transmissão abandonadas. No Brasil, ao menos 87 foram desativadas nos últimos 15 anos e nunca demolidas. Algumas estão em regiões áridas, como o sertão nordestino. Elas não são apenas lixo tecnológico. São monumentos de um passado que ninguém quer lembrar. E, como o filme mostra, elas ainda podem matar.Frequently Asked Questions
Onde posso assistir A Queda?
O filme está disponível em plataformas como Amazon Prime Video, Apple TV e Google Play, em países como EUA, Reino Unido, Canadá e Brasil. No Brasil, está em versão dublada e legendada, com acesso via assinatura ou aluguel por R$ 19,90. Não está em serviços gratuitos ou de publicidade.
Quem são as atrizes que fazem Becky e Hunter?
As protagonistas são interpretadas por actresses pouco conhecidas do grande público: Emma Mackey (Becky), da série Sex Education, e Olivia Cooke (Hunter), conhecida por Ready Player One e House of the Dragon. Ambas fizeram treinamento real de escalada por meses e realizaram todas as cenas de altura sem dublês — o que explica a autenticidade dos movimentos e expressões.
O filme é baseado em um caso real?
Não é diretamente baseado em um caso, mas inspirado em incidentes reais. Em 2019, dois escaladores ficaram presos por 14 horas em uma torre de transmissão abandonada na Austrália. Não havia sinal, e o resgate só foi possível por um drone que captou os gritos. A equipe de roteiro entrevistou sobreviventes e engenheiros de estruturas metálicas para criar a realidade da torre.
Por que o filme não tem trilha sonora intensa?
Scott Mann queria que o som real fosse o protagonista: o vento, o metal rangendo, o respirar acelerado, o som da ferrugem se soltando. A trilha é mínima — apenas sons ambientais e uma única melodia de piano no final. Isso aumenta a tensão. Quando algo é silencioso, o cérebro preenche os espaços com o pior possível — e é exatamente isso que o filme quer.
Há algum final alternativo?
Sim. O roteiro original terminava com Hunter caindo, e Becky sendo resgatada — mas com uma carta escrita por ela antes da queda, dizendo que nunca quis sobreviver. O estúdio rejeitou por considerar “muito sombrio”. O final escolhido deixa a decisão aberta: Becky sobrevive, mas nunca mais escala. E Hunter? A câmera mostra apenas sua mão, desaparecendo no vazio. É intencional.
O filme tem mensagem política ou social?
Indiretamente, sim. A torre abandonada é uma metáfora para o que deixamos para trás: pessoas, sonhos, sistemas. O filme pergunta: quando alguém se desintegra emocionalmente, o que a sociedade oferece? Um desafio radical? Ou apoio real? A resposta não é dada — mas a pergunta fica.