
Quando o Caetano Veloso subiu ao palco do Altas Horas no sábado, 11 de outubro de 2025, a expectativa era a mesma de quem acompanha o programa há décadas: um espetáculo que celebrasse, com música e conversa, os 25 anos de um dos formatos mais queridos da TV brasileira.
O apresentador Serginho Groisman conduziu a edição especial, que foi transmitida ao vivo pela TV Globo. O episódio, numerado 1235, durou 1 hora e 42 minutos e, logo depois, ficou disponível no serviço de streaming Globoplay.
Contexto histórico do Altas Horas
Desde o seu lançamento, em 6 de maio de 2000, o Altas HorasEstúdio da TV Globo, Rio de Janeiro tem sido palco de entrevistas descontraídas, debates sobre temas atuais e, sobretudo, de apresentações musicais que misturam gerações.
Ao longo de duas décadas e meia, o programa já recebeu mais de 1.500 artistas, incluindo nomes que, décadas depois, ainda retornam para marcar novos momentos. Em 2010, por exemplo, o próprio Caetano foi convidado para cantar “Um Canto de Afoxé”, um dos primeiros indícios de que o programa seria um ponto de convergência entre tradição e renovação.
Especial de 25 anos: quem subiu ao palco
A noite de 11 de outubro contou com um elenco que pareceu uma constelação da MPB. Além de Gilberto Gil, participaram Ney Matogrosso, Ivete Sangalo, Xande de Pilares, a banda Mosquito, o guitarrista Pretinho da Serrinha e o cantor gospel Kleber Lucas.
Caetano iniciou sua apresentação com "Você Não Me Ensinou a Te Esquecer" – versão ao vivo que recebeu aplausos quase que imediatos. Em seguida, surgiu o trecho de "Divino Maravilhoso", uma escolha que remete ao álbum de 1970, lembrando que o veterano ainda tem o poder de encantar plateias de todas as idades.
Um dos momentos mais emocionantes foi o dueto improvisado entre Caetano e Kleber Lucas, que cantaram a canção gospel "Deus Cuida de Mim". "É incrível ver como a fé e a música se misturam no Brasil", confidenciou Kleber após a performance.
Mas a verdadeira cereja do bolo veio quando o patriarca foi acompanhado por Moreno Veloso, Zeca Veloso e Tom Veloso. Juntos, eles entoaram trechos de "Por Isso uma Força Me Leva a Cantar", criando um efeito de passagem de bastão que deixou a plateia sem fôlego.

Reações e análises de críticos
O crítico musical Marcos Dantas, da revista "Cultura em Foco", descreveu a edição como "um retrato vivo da diversidade sonora brasileira, onde o antigo encontra o novo sem atrito". Em entrevista ao programa, Dantas ressaltou que a escolha de Caetano foi estratégica: "Ele tem a credibilidade de um ícone e ainda consegue chamar a atenção de jovens que descobrem sua obra nas plataformas digitais".
Já a diretora de conteúdo da TV Globo, Ana Paula Ribeiro, destacou o impacto das redes sociais. "Publicamos trechos nos nossos perfis do Instagram, TikTok e Threads imediatamente após a gravação – mais de 3 milhões de visualizações nos primeiros 12 horas. Isso prova que o público ainda busca experiências ao vivo, mas quer consumir o conteúdo onde estiver".
Os fãs, por sua vez, inundaram o Twitter (agora X) com mensagens de carinho. Um comentário que se destacou foi: "Ver a família Veloso no mesmo palco é como assistir a um filme que nunca termina".
Impacto para a TV e a música brasileira
O especial de 25 anos chega num momento em que a televisão tradicional enfrenta concorrência de serviços de streaming. Ainda assim, o Altas Horas demonstra que formatos que combinam entrevista, debate e performance ao vivo podem gerar engajamento genuíno.
Especialistas em mídia apontam que o programa pode servir de modelo para outras emissoras. "O segredo está na curadoria de convidados que dialogam entre si e, ao mesmo tempo, refletem a atualidade cultural", explica o analista de mídia Luís Fernando Barros.
Para a indústria musical, a transmissão ao vivo de apresentações ainda representa uma vitrine poderosa. Estudos recentes da ABRAMUS mostram que músicas tocadas em programas de TV recebem, em média, 15% a mais de streams nas duas semanas seguintes. Não é à toa que artistas de diferentes gêneros disputam um espaço no Altas Horas.

Próximos passos e perspectivas
Com o sucesso da edição de 25 anos, a produção já pensa em novos projetos. Segundo Ana Paula Ribeiro, "estamos avaliando um formato híbrido, que combine transmissões ao vivo em estúdio com interatividade em tempo real via app". A ideia é permitir que o público vote nas próximas músicas, criando uma experiência ainda mais participativa.
Além disso, a equipe do programa planeja uma série de episódios temáticos para o próximo ano, abordando temas como música indígena, o futuro da MPB e a influência do rap nas rádios tradicionais.
Enquanto isso, Caetano Veloso segue em turnê internacional e deve voltar ao Brasil ainda em 2026, possivelmente para outra visita ao Altas Horas – a esperança dos fãs nunca foi tão alta.
Perguntas Frequentes
Por que o Altas Horas escolheu Caetano Veloso como centro da celebração?
Caetano representa a continuidade da MPB e tem uma relação histórica profunda com o programa, já tendo participado de momentos marcantes desde 2000. Sua presença simboliza a ponte entre gerações, reforçando o propósito do Altas Horas de reunir patrimônio e renovação musical.
Como o público reagiu ao dueto entre Caetano e Kleber Lucas?
A audiência elogiou a fusão inesperada entre MPB e gospel, descrevendo o momento como "emocionante" e "surpreendente". Nas redes sociais, o clipe do dueto acumulou mais de 2,4 milhões de visualizações em 24 horas, indicando forte aceitação.
Qual foi o alcance digital do especial nas plataformas da Globo?
Em menos de 12 horas, o vídeo oficial no YouTube ultrapassou 1,8 milhão de visualizações. No Instagram e TikTok, os trechos mais curtos totalizaram 3,5 milhões de reproduções combinadas, mostrando o poder do conteúdo multiplataforma.
O que os críticos dizem sobre o futuro do programa?
Analistas de mídia apontam que o Altas Horas pode liderar um novo modelo de "televisão interativa", combinando transmissões ao vivo com participação instantânea do público via aplicativos. Essa estratégia pode manter a relevância do formato diante da concorrência de streamings.
Quando será a próxima transmissão especial do Altas Horas?
A emissora já anunciou que em julho de 2026 haverá um especial dedicado à música indígena, com convidados que incluem nomes como Aisha e Almir Sater, mantendo a tradição de temas inéditos a cada semestre.
Marcus Rodriguez
outubro 12, 2025 AT 23:33O Altas Horas completou 25 anos e decidiu fechar a celebração com o mestre Caetano Veloso. A produção aparente foi um desfile de emoções que beirou o ridículo em alguns momentos. Cada apresentação parecia um teste de resistência para o público, que precisava acompanhar a maratona de talentos. É impressionante como a Globo ainda aposta em formatos de talk show em plena era do streaming. A escolha de Caetano foi óbvia, mas ao mesmo tempo previsível, como escolher uma música de carnaval para abrir um Bloco de Rock. O dueto com Kleber Lucas misturou gospel e MPB, algo que só faz sentido se você quiser parecer inclusivo a todo custo. A presença dos filhos de Caetano, Moreno, Zeca e Tom, transformou o palco num ensaio de genes musicais. O público vibrou, mas também pareceu ficar incomodado com a sensação de que tudo foi roteirizado. A edição durar 1 hora e 42 minutos pode ser considerada exagerada para um programa que costuma ser mais enxuto. A transmissão ao vivo ainda atrai, mas o número de visualizações nas redes desfavorece a qualidade do conteúdo. Analistas apontam que o programa virou mais um espetáculo de marketing do que uma conversa genuína. Os críticos ficaram em silêncio, exceto por quem citou o número de streams pós-episódio como prova de sucesso. O discurso sobre inovação tem sido usado como desculpa para encher o programa de convidados irrelevantes. A mesma fórmula de curadoria de artistas pode se tornar cansativa se não houver renovação real. Em última análise, o especial de 25 anos serve mais como vitrine institucional do que como celebração artística autêntica.